consciência ambiental

Com criatividade, aposentado transforma material reciclado em paredes e móveis

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Foto: Daniela Gomes (arquivo pessoal)
Paredes foram erguidas com garrafas de vidro preenchidas com concreto

Um farmacêutico aposentado de São João do Polêsine aliou noções de engenharia e de consciência ambiental para dar forma a um projeto inusitado: nos fundos da casa onde mora, ergueu um galpão feito com paredes de garrafas de vidro retiradas do lixo. Além da construção, Joselmar Pozzatti, de 57 anos, também fabrica utensílios domésticos e móveis com materiais que seriam descartados. Todas as invenções de Joselmar são usadas na própria residência, como decoração ou para facilitar o dia a dia.

A construção do galpão levou seis meses e foi finalizada há cerca de dois anos. Foram utilizadas mais de nove mil garrafas na construção de 25 metros quadrados e 3,5 metros de altura. Joselmar garante que a parede, de 40cm de espessura, é forte. Os pilares e o restante da estrutura foram construídos da maneira tradicional, com 600 tijolos - se toda a construção fosse no estilo normal, seriam cerca de quatro mil tijolos. O espaço entre as garrafas foi preenchido com concreto.

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- Fica muito bom, mas dá serviço para fazer. A ideia foi da minha esposa. A princípio achei meio complicado de fazer, mas depois, analisando, comecei a construção. Demorei, mas terminei! Não conheço nenhuma outra construção parecida - explica.

Toda a obra foi realizada por ele e um ajudante. As garrafas foram retiradas do lixo, buscadas em várias localidades da região e até mesmo trazidas por pessoas que souberam da iniciativa. Outras quatro mil garrafas foram usadas para a construção da calçada ao redor da residência. O galpão abriga diversas ferramentas, um fogão a lenha e um trator.

As adaptações não param por aí. Parte da residência onde mora Joselmar tem paredes duplas de madeira. Por dentro, o farmacêutico forrou com caixas de leite abertas, para isolamento térmico, o que, segundo ele, funcionou bem.

Itens como caixotes velhos viraram estantes e suportes, um tonel virou uma pia e outro uma pequeno armário para guardar louças. Tambores de leite, soldados em uma pá, viraram bancos. Garrafas foram transformadas em abajur, pedaços de isopor em quadros de decoração, uma calça jeans virou almofada e por aí vai.

A mania pela reciclagem começou há mais ou menos quatro anos, quando ainda vivia em um apartamento em Porto Alegre. Após retornar para São João do Polêsine, com mais espaço, mais projetos foram tomando forma. Todo o conhecimento usado nas fabricações veio do cotidiano.

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- Eu me criei no interior até ter idade para ir fazer faculdade. Então tive muita experiência. Meu pai era um exímio carpinteiro, fazia galpões, era excelente. Então muita coisa aprendi com ele. Se cada um colaborasse um pouco ao reciclar e usar o que tem e não jogar no lixo, fica bem melhor. Tem muita coisa que se joga no lixo que poderia ser usada - conta Joselmar.

Muitas das ideias partem da esposa Daniela Gomes, de 38 anos:

- Eu era escoteira quando criança, e hoje faço curso técnico em meio ambiente. Então eu fico olhando, é um desperdício de material, uma agressão à natureza. Pois imagine: uma garrafa leva mais de mil anos para se decompor. E aqui é um lugar tão bonito, tão bom, e as pessoas têm que saber cuidar, é uma maneira de se preservar - relata.

Joselmar não conhece outra construção do tipo. Conforme ele, muitas pessoas já vieram até o local para observar a construção, fazer fotos e aperfeiçoar a ideia.

*colaborou Felipe Backes


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